por Marina Melz
Este não foi um ano fácil, é verdade. Talvez
porque tenha sido a própria contradição: demorou, ao mesmo tempo em que voou.
E, já que a felicidade é estar onde se está (nem pensando em como será o
futuro, nem vivendo do que foi o passado), você pode se sentir orgulhoso. Amor
é entrega e é preciso coragem para abrir mão do medo. Quem amou em 2015 pode
terminar o ano feliz.
Mesmo aqueles que amaram por uma hora. O
ano tem mais de 8 mil horas, mas se uma delas foi de amor intenso – mesmo cego,
mesmo burro, mesmo calado – valeu a pena. Porque amor não depende de
tempo para ser eterno: se durou 15 minutos ou uma vida é amor, é o mesmo amor.
Também já pode sorrir quem sofreu de amor. Porque
isso significa que amou. E amar sempre vale repetir, é um presente. Sofrer de
amor faz de nós mais humanos, menos exigentes com a vida e mais certos de que
não importa o sofrimento que vai chegar depois: viver é sobre se permitir arriscar.
Termine o ano leve se você ainda ama. Se amou a
mesma pessoa desde janeiro, você venceu a pior das armadilhas da rotina: fazer
com que o amor se torne tão banal quanto o café da manhã ou o beijo de boa
noite. Exercitar o amor é amar sem medidas.
Ter amado mais a si mesmo também é motivo de
festa. O convívio mais difícil é o único que não podemos evitar. Relacionamentos
terminam, amizades se diluem, paixões esfriam. Mas olhar no espelho é todo dia.
Ser gentil consigo e se perdoar é todo dia. Se você conseguiu encarar os seus
olhos e sentir verdade no que viu e tem a sensação de estar mais perto de você
do que no último réveillon, comemore.
Celebre o amor que sentiu pelos seus amigos.
Todas as vezes que se apaixonou pela personalidade de alguém que jamais
imaginou gostar, as gargalhadas que dividiu com desconhecidos cúmplices, os
carinhos que recebeu depois da saudade quase te afogar. Cada garfada de um
prato feito com carinho, todo presente que ganhou sem esperar, as energias
positivas que se permitiu mandar para alguém que não esperava. As conquistas
suadas de todos os dias, a alegria que sentiu pela promoção de um colega, a
sombra que traz um pouco de alívio no calor.
Comemore, sobretudo, se você entendeu que amor
não é um relacionamento. É um sentimento que faz tão bem a quem emana quanto a
quem recebe. Amor é um jeito de ver a vida que às vezes se confunde com o jeito
que vemos alguém. Ainda bem.
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