por Karine Rosa
Acordei como qualquer outro dia. Tomei um banho
rápido, preparei meu café forte e escolhi a roupa mais confortável para uma
segunda-feira de ressaca. Encarei o mesmo trânsito de sempre. Passei quase uma
hora, na minha mesa de trabalho, apenas deletando os e-mails do final de
semana. A vida seguindo seu curso normal. Começo de uma semana qualquer, em uma
cidade qualquer, em mais um ano par sem grandes novidades. E aí, no meio do
dia, entre uma ligação e outra, veio o clique: esqueci você.
Tentei me lembrar de você ali, naquela hora. Das
coisas que senti quando acabou. Porque a gente sempre sente, não é? Mesmo
quando sabe que era a hora. Mesmo quando sabe que era questão de coragem – quem
ia pular do barco primeiro. E eu tentei lembrar de toda a dor que engoli porque
a gente tinha deixado de ser – seja lá o que, de fato, a gente tenha sido ou
vivido (um grande amor, talvez? Ou coisinha boba e passageira).
Se é pra ser sincera, é meio apavorante reparar
que se esqueceu alguém. Principalmente quando esse alguém, um dia, foi visto
como o centro de tudo, sabe? Esquecer alguém por quem a gente foi completamente
louco é descobrir, um pouco, que às vezes a gente é quase que insignificante e
substituível. Ainda que, te esquecer, não tenha nada a ver com substituição.
Foi apenas processo de cura.
Amor acaba. Descobri isso depois de muito tentar.
Depois de muito lutar pra esquecer. E depois de você, que esqueci. E não é bem
o tempo, não são os colos amigos, não são os filmes, nada específico. É apenas
a vida, sabe? A vida mostrando que, às vezes, algumas coisas passam. E você,
querido, passou.
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