Clarisse Correa
Acordei pensando no tempo. Não, eu não estava atrasada,
apesar do despertador ter tocado incessantemente. Mal abri os olhos e veio uma
pergunta bater na minha porta: será que o tempo ajuda? Juro que tenho um pouco
de receio dessa palavra (quem gosta?).
Cresci ouvindo dizer que o tempo é amigo e que ele cura
todas as dores. Mas eu cresci e continuo com minhas cicatrizes. Não sei se foi
ele que ajudou ou eu que resolvi dar um basta no sofrenilda style. Vou te
contar um segredo: sofrer cansa, desgasta, causa olheiras e dor de barriga. Não
estou brincando, pelo menos comigo é assim. Me sinto cansada, pesada,
carregada, sem energias ou ânimo, olheiras arroxeadas brotam enlouquecidas no
meu rosto branco e a barriga dói. Por isso, decidi não fazer essa maldade comigo.
Se eu sofro é por um dia, por algumas horas. Me recuso a ficar nessa lenga
lenga por dias ou meses. Não mereço.
Sabe, a gente tem que se dar conta do que merece. No
fundo a única pessoa que te conhece é você mesmo. Por isso, sempre vale aquele
bate-papo sincero e amigo, onde você olha nos olhos da sua alma e coloca tudo
em pratos, xícaras e panelas limpas. É um processo um pouco amargo, afinal,
ninguém tem só um lado belo e perfumado. Mas é necessário para o aprendizado, a
evolução, o crescimento.
Como eu dizia, não sei se foi o tempo que ajudou. Acho
que ele é apenas um coadjuvante em todo o processo. Os dias passam, a gente
aprende e amadurece (ou não). E ele está ali, fazendo tic tac junto com o
relógio, na espreita. Não é a figura dele que ajuda. É o que a gente faz com o
tempo que passa, com o que resta, com os nossos sonhos. Isso, sim, é mais
importante. Como é meio difícil dar toda essa explicação as pessoas resolveram
resumir tudo em uma frase simples "o tempo é o melhor remédio". Acho
que essas pessoas esqueceram que o tempo, sozinho, não faz nada. Quem faz somos
nós. "Com o tempo as relações se desgastam". Não. Quem desgasta as
relações somos nós, afinal, tudo está na nossa mão. Inclusive o tempo. Por
isso, aproveite bem o seu.
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